Em cada esquina da vida, há uma história aguardando para ser contada, e na Oficina do Livro, valorizamos profundamente essas narrativas que ressoam com aprendizados, resiliência e momentos inspiradores. Em nosso grupo do WhatsApp, promovemos regularmente Desafios Literários, incentivando nossos membros a darem voz às suas experiências. O desafio de novembro, intitulado “Narrativas de Vida”. Hoje, temos o prazer de exibir três dessas histórias incríveis em nosso blog.
1. “De Repente… um Diagnóstico” por Lela Couto
– Sou artesã e trabalho por conta própria, e sempre dizia “quem trabalha por conta própria pode morrer e não adoecer, se morrer fica tudo aí, mas se adoecer, as contas chegam”. Sempre que eu adoecia, ficava estressada por ficar impossibilitada de trabalhar. Amo meu trabalho, o retorno financeiro é pouco, mas eu ia me virando como podia.
– Amo ficar em casa, contava os dias em que não precisaria sair, só pra estar no meu cantinho sossegada e trabalhando. Quantas vezes marquei e desmarquei médicos, com a desculpa que tinha uma entrega pra fazer… e de repente um diagnóstico, “câncer de mama”.
– Meu mundo desmoronou, tudo mudou, o medo tomou conta de mim, e o meu emocional começou a se comportar, como se numa gangorra estivesse… ora em cima, ora embaixo.
– O susto inicial é grande, ficamos perdidos em meio a tantas informações… a rotina muda, agora são marcações, médicos, exames, hospitais.
– Nos transformamos em bipolares… estamos bem… estamos tristes, estamos bem… estamos ansiosos.
– Mas PRECISAMOS manter o equilíbrio, precisamos CRER, e saber, que Jesus está no controle, precisamos correr atrás da cura, mas entregando nossas dores e nossas emoções a ELe que é o dono de nossas vidas.
– No meio desse turbilhão de emoções, descobrimos o verdadeiro amor, primeiro o de Jesus, com o cuidado nos mínimos detalhes, depois, da família e de nossos amigos. É tanto amor, que às vezes nos constrange. Cuidados e mimos que acariciam a alma e nos dá conforto.
– Mas precisamos tirar lições de tudo isso. As aflições e tempestades da vida, chegam para nos ensinar, precisamos sair delas, pessoas melhores, e dessa forma, podermos ajudar outros a atravessarem o vale, pois o vale é lugar de passagem, não é lugar de se ficar, nem de se viver, porque de repente um diagnóstico, e agora é só o começo…
2. “Uma Jornada de Autoconhecimento” por Maria Braga Canaan
Existe uma coleção literária chamada “Desventuras em Série” e em diversos momentos da minha vida, me senti representada nesse título. Não sou pessimista nem uma pessoa para baixo, pelo contrário. Na maioria das vezes estou sorrindo. O meu sorriso é inteiramente verdadeiro. Gosto de acompanhar os meus filhos nos seus gostos pessoais. Assisto Animes e musicais. A única série que assisti sozinha foi “Friends”, todas demais foram escolhidas por eles. No trabalho sempre fui meio ET. Falava de assuntos que as pessoas da minha idade não entendiam. Mergulhei e fui engolida pela baleia. Submergi e emergi diversas vezes. Coisas boas aconteciam paralelamente, só que eu não conseguia aproveitá-las porque logo vinha uma onda gigante para me derrubar.
Converso muito com os meus filhos e um dia o meu filho me perguntou qual era o meu objetivo na vida. Eu prontamente respondi que era vê-los formados e encaminhados. Era esse o meu objetivo na vida. Ele me olhou muito sério e me disse: “Mãe, isso é para gente. Estou perguntando da sua vida. O que você quer?” Não tinha a resposta. Se eu fosse a escada para que eles pudessem voar, já estava mais que feliz e realizada.
No meio da pandemia, fizemos a leitura conjunta da série Harry Potter, onde cada capítulo era lido em voz alta por um de nós.
Eu escrevo desde criança. Já participei de antologias lá no tempo do onça, mas em 2021 lancei um pocket book e no título fiz questão de colocar volume 1.
E foi assim, no meio do caos, que percebi nitidamente qual era o meu objetivo: Escrever pelo resto que ainda tenho de vida. É isso que eu quero para mim. Vê-los felizes e encaminhados? É óbvio.
Não parei mais de escrever.
3. “Maria Pia” por Silvia Bruno Securato
Maria Pia estava de férias, passeando pelas mais charmosas cidades italianas.
Uma bela noite, estava ela em um restaurante, muito aconchegante, quando viu um homem entrar e sentar-se na mesa da frente.
Ele parecia ser familiar aos funcionários e era mesmo!
Cabelos brancos e fartos, pele lisinha, bonitão e bastante metódico. Ao sentar-se, tudo dizia que ‘aquela’ era sua mesa de sempre, a garçonete logo lhe trouxe um aperitivo de cor vermelha, com algumas pedras de gelo. Ele sorriu e agradeceu. Pouco depois, ela colocou na mesa uma garrafinha de água, uma taça de vinho tinto e um belo prato de saladas.
Com muito vagar, ele saboreou seu jantar, enquanto apreciava os pedestres que transitavam pelas calçadas da praça ao lado.
Maria Pia o observava encantada! E assim pensava: ah, como eu gostaria de uma companhia dessa. Um homem tranquilo, feliz com a vida, apreciando cada instante. Era tudo o que ela queria, um homem com um sorriso permanente estampado em seu rosto, exaltando todos os detalhes daquela refeição.
Na noite seguinte, na esperança de lá encontrá-lo, ela voltou ao mesmo restaurante. Estava repleto de fregueses, mas, para sua surpresa, a ‘mesa dele’, que estava vazia, foi oferecida a ela.
Sentou-se e observou o que ele, certamente, muitas e muitas noites sentia, pensava e percebia.
Maria Pia, sentada na mesma cadeira, observou que, de lá, a vista era ótima! Podia divagar sobre o que faziam, pensavam e sentiam cada uma das pessoas que transitavam na rua, pois, daquele ponto da janela, conseguia ver a grande praça, que ficava ao lado do restaurante.
De lá, também observava cada cliente que entrava e saía, sem nunca perder a atenção no seu rito ao jantar.
Maria Pia respirou fundo, passou as mãos na parede que rodeava aquele cantinho em L do restaurante, enquanto pensava firmemente como quem desejasse que seu devaneio permanecesse naquele lugar: – estive aqui e pensei em você! Pena não lhe reencontrar, ontem fiquei inibida, mas hoje certamente você teria meu mais terno olhar!
Cada um desses relatos é um lembrete de que, em nossas vidas, há sempre histórias que merecem ser contadas e compartilhadas. Histórias que nos inspiram, nos ensinam e nos conectam. Na Oficina do Livro, nos sentimos honrados em poder proporcionar um espaço onde estas narrativas ganham vida e voz. Convidamos você a ler, se inspirar e, quem sabe, compartilhar sua própria história. Clique aqui e saiba como podemos te ajudar!