Oficina do Livro Editora

Olhando para trás – 8 de março

Silvia Bruno Securato

Olhando para trás, nos anos 60, podemos imaginar a revolta daquelas mulheres ao incendiarem seus soutiens. Um grito ensurdecedor ecoava o chega explosivo: basta! Basta!
Já diziam elas: somos seres humanos, temos sentimentos, sonhos, um profundo desejo de realização, somos dinâmicas, fazemos planos, vemos coisas erradas e estamos dispostas a contribuir com nossa afeição, intuição e instinto típicos das fêmeas, do gênero feminino.
E insistiam: podemos e temos como contribuir com uma sociedade mais justa, mais humana. Queremos atuar nas diversas frentes de profissões. Temos garra o suficiente para levantar as mangas e lutar por aquilo que acreditamos – e como!
Porém, o grito maior não se calava: basta de sermos tratadas como seres “pela metade”, seres “in-pensantes”, incompetentes, insignificantes. Basta de “ins”. Estamos sufocadas, sem ar, enterradas vivas, aprisionadas, massacradas. Basta!
Junto ao grito de liberdade, veio o crescimento industrial e o mundo se globalizou.
Resultado? Está aí: em pouquíssimo tempo, quanta coisa mudou! É inacreditável!
Experimente comentar sobre máquina de escrever ou projetor de slides com um adolescente.
– Hum?!? – ele lhe responderá.
E isso não é nada. Lembra-se das rainhas do lar? Pobres coitadas, com aqueles escovões de encerar o chão. E viva a tecnologia! Como tudo está facilitado, que maravilha.
Porém… tudo tem um porém e toda rosa tem seus espinhos! Houve uma troca. Hoje, os escovões, o tanque de roupa foram substituídos por outras cargas, mas o que se há de fazer? Nós, mulheres, escolhemos assim. Levamos um “tanque de roupa” nas costas para dar conta de todas as tarefas que nos incumbimos de realizar. E vamos em frente!
Estudamos, nos preparamos para enfrentar o mercado de trabalho, namoramos, fazemos cursos de especialização, pós-graduação e, geralmente, casamos e continuamos investindo em nossas carreiras, cuidando da casa, do marido, de nós mesmas. Filhos? As mulheres pensam muito antes de engravidar, pois a educação do bebê, com grande probabilidade, deverá ser terceirizada. O dilema maternidade x profissão é um fantasma que atordoa a maioria das mulheres. Dar uma pausa na profissão, para cuidar do bebê, pode ser uma situação de risco profissional para muitas, em muitos casos. Poucas são as que se ajustam e lidam com esse dilema com facilidade ou têm a oportunidade de trabalhar perto de casa e/ou levar trabalho para casa e cuidar seu(s) filho(s) de perto.
Há muito ainda para ser equilibrado e ajustado, em todos os setores.
Profissionalmente, sabemos que o salário dos homens é mais alto; no lar, a responsabilidade sempre pende para a mulher; trabalhando em outro setor ou não. Sim, porque “cuidar” da casa, nunca foi considerado trabalho, acredite! Além disso, a responsabilidade de cuidar dos filhos, especialmente em questões de saúde, de reuniões escolares e educação sempre compete à mãe.
O abastecimento da casa, as decisões de compra sempre são da mulher. Ela deve dirigir tudo, mesmo que à distância.
Hoje, se ministra cursos à distância, porém, desde que a mulher assumiu o mercado de trabalho deu-se início ao “dona de casa à distância”.
De um lado, muito progresso e de outro, sabemos que os dilemas graves, infelizmente, ainda ocorrem e com grande frequência: maus tratos, espancamentos, violência sexual, tráfico… medo! São assuntos que levaríamos páginas e páginas discorrendo. Não caberia aqui. Devemos registrar e nunca esquecer.
Por outro lado, ainda, há também quem diga: quem foi a demente que queimou o soutien? Que inferno de vida! Seria tão bom cuidar da casa e já bastaria. Sim, agora que temos todo o conforto, muita tecnologia e dirigimos nosso carrinho, até que seria agradável. Será? Será mesmo? Muitas falam só por falar, em um momento de estresse, que logo passa quando se sentem realizadas, satisfazendo seus anseios, superando obstáculos e vencendo cada etapa, prontas para dar início a outra e outra mais.
Mulheres de todas as facetas e personalidades. Parabéns a todas vocês.
Mulheres rainhas do lar, exímias condutoras de banquetes, festas, recepções, que deixam suas casas adornadas com seu bom gosto e tudo na mais perfeita ordem, parabéns!
Mulheres avós/mães, que já cumpriram suas missões, criaram seus filhos, mas se disponibilizam para cuidar dos filhos de seus filhos, parabéns!
Mulheres barbies, cheias de plásticas, botox e silicones, amantes de uma boa Academia de ginástica, que malham horas e horas por dia, curtem o descompromisso, um bate-papo informal e tudo bem, parabéns!
Mulheres aceleradas, profissionais de destaque, antenadas, atualizadas, agitadas, que jamais descem do salto alto e sempre dão conta de suas mil tarefas diárias, parabéns!
Mulheres de todas as raças, idades, classes sociais, temperamentos, personalidades, sejam felizes nas suas escolhas. Não sufoquem suas emoções, acreditem na sua voz interior, sigam suas intuições, sem deixar a razão de lado. Que o amor, junto com a fé e na esperança, sejam os regentes naturais de suas decisões.
O Dia Internacional da Mulher é uma data de reflexões infindáveis.
É preciso refletir e agir para a construção de uma sociedade mais equilibrada para o bem de todos: homens e mulheres.
A família agradece!

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